
As nuvens em Bruxelas são tão próximas da terra que até parece possível tocá-las ao esticar os braços em direção ao céu em “ekam” (na saudação ao sol). Elas estão sempre movendo-se, assim como a dança dos gunas.
Por mais que pareça óbvio, vocês já pararam para pensar que o que não se move, morre? A mudança é um fenômeno crucial para manter a ordem existencial da vida, no entanto, quando se trata de relacionamento queremos reduzir a pessoa com quem nos casamos há 15 anos atrás em uma moldura estática e pregá-la na parede, não só em aparência, mas em gostos, interesses, hábitos etc. A mente não quer apenas enrijecer o externo, mas nós mesmos, evitando que nossa persona mude e nossa pele murche.
“Anitya” significa impermanência, e é uma das maiores verdades existênciais universais que presenciamos. Notamos isso no compasso de cada respiração: tudo está em constante mudança e transformação.
A lei da impermanência pode ser encarada como algo negativo, ou positivo, dependendo do resultado das ações que circundam tal experiência, porém deveria ser compreendida como algo natural.
Lembro que quando a pandemia começou muitos estávamos desesperados pela insegurança de um futuro desconhecido, porém, é utópico assegurar um futuro que nunca chegou a partir de uma narrativa do passado que já se foi, com base em um presente volátil. Vivemos sofrendo por um futuro sólido ilusório que nunca chegou, e quando algo sai fora do que esperávamos, esperneamos. O presente é um campo de possibilidades sem fim.
O presente nunca muda, pois está sempre mudando, começando e terminando...é um ciclo sem fim. Fazer as pazes com a impermanência é sentar na frente do espelho e dizer a si mesmo: sou maduro e os acontecimentos da vida não são pessoais. A característica da impermanência oferece sempre o começo e o fim, e ambos acontecem simultaneamente como os padrões de prana e apana no hatha yoga. Quando algo deixa de ser e se transforma, algo novo aparece.
Uma vez uma criança perguntou ao consagrado mestre Zen vietnamita Thích Nhất Hạn o que iria acontecer quando o cachorrinho dela morresse.
Ele respondeu:- Está vendo essas nuvens no céu? Elas antes eram a água do lago que evaporaram e viraram nuvens. As nuvens vão se transformar em chuva e a chuva irá voltar a ser o lago. O mesmo irá acontecer com o seu cachorrinho, ele irá se transformar.
Thích Nhất Hạn estava ensinando o princípio da impermanência ao jovem menino. Queremos que a nossa vida seja linear, porém se olharmos de perto tudo a nossa volta é fluído. Quando perdemos algo ou sentimos dor, a sensação é que a história que carregávamos é interrompida, já que tentamos o tempo todo manter aquilo que é líquido, sólido. No entanto, quando se vive em contato com a liberdade da impermanência existencial, as máscaras não mais ficam grudadas na nossa face e a tendência é não levarmos tudo tão pessoal.
Quantas sensações diferentes você já teve hoje? Quantos pensamentos? Tudo que percebemos está constantemente mudando. Nos momentos estáveis é mais fácil ter consciência o suficiente para entender a ciranda cambial da vida, mas quando sentimos na pele o ego perdendo sua amarra, compreender a impermanência como uma qualidade existencial natural parece uma missão impossível.
Se tivermos cada vez mais a consciência de que a impermanência é uma constância da vida, podemos pelo menos tentar parar e perguntar a si mesmo a seguinte frase nos momentos difíceis: “Essa situação é permanente ou impermanente?”
No fundo sabemos tudo passa, e isso também vai passar meus queridos.
E nos momentos mágicos curtam a vida com intensidade, pois sabemos que eles também vão passar.
Com amor, Rapha
Por mais que pareça óbvio, vocês já pararam para pensar que o que não se move, morre? A mudança é um fenômeno crucial para manter a ordem existencial da vida, no entanto, quando se trata de relacionamento queremos reduzir a pessoa com quem nos casamos há 15 anos atrás em uma moldura estática e pregá-la na parede, não só em aparência, mas em gostos, interesses, hábitos etc. A mente não quer apenas enrijecer o externo, mas nós mesmos, evitando que nossa persona mude e nossa pele murche.
“Anitya” significa impermanência, e é uma das maiores verdades existênciais universais que presenciamos. Notamos isso no compasso de cada respiração: tudo está em constante mudança e transformação.
A lei da impermanência pode ser encarada como algo negativo, ou positivo, dependendo do resultado das ações que circundam tal experiência, porém deveria ser compreendida como algo natural.
Lembro que quando a pandemia começou muitos estávamos desesperados pela insegurança de um futuro desconhecido, porém, é utópico assegurar um futuro que nunca chegou a partir de uma narrativa do passado que já se foi, com base em um presente volátil. Vivemos sofrendo por um futuro sólido ilusório que nunca chegou, e quando algo sai fora do que esperávamos, esperneamos. O presente é um campo de possibilidades sem fim.
O presente nunca muda, pois está sempre mudando, começando e terminando...é um ciclo sem fim. Fazer as pazes com a impermanência é sentar na frente do espelho e dizer a si mesmo: sou maduro e os acontecimentos da vida não são pessoais. A característica da impermanência oferece sempre o começo e o fim, e ambos acontecem simultaneamente como os padrões de prana e apana no hatha yoga. Quando algo deixa de ser e se transforma, algo novo aparece.
Uma vez uma criança perguntou ao consagrado mestre Zen vietnamita Thích Nhất Hạn o que iria acontecer quando o cachorrinho dela morresse.
Ele respondeu:- Está vendo essas nuvens no céu? Elas antes eram a água do lago que evaporaram e viraram nuvens. As nuvens vão se transformar em chuva e a chuva irá voltar a ser o lago. O mesmo irá acontecer com o seu cachorrinho, ele irá se transformar.
Thích Nhất Hạn estava ensinando o princípio da impermanência ao jovem menino. Queremos que a nossa vida seja linear, porém se olharmos de perto tudo a nossa volta é fluído. Quando perdemos algo ou sentimos dor, a sensação é que a história que carregávamos é interrompida, já que tentamos o tempo todo manter aquilo que é líquido, sólido. No entanto, quando se vive em contato com a liberdade da impermanência existencial, as máscaras não mais ficam grudadas na nossa face e a tendência é não levarmos tudo tão pessoal.
Quantas sensações diferentes você já teve hoje? Quantos pensamentos? Tudo que percebemos está constantemente mudando. Nos momentos estáveis é mais fácil ter consciência o suficiente para entender a ciranda cambial da vida, mas quando sentimos na pele o ego perdendo sua amarra, compreender a impermanência como uma qualidade existencial natural parece uma missão impossível.
Se tivermos cada vez mais a consciência de que a impermanência é uma constância da vida, podemos pelo menos tentar parar e perguntar a si mesmo a seguinte frase nos momentos difíceis: “Essa situação é permanente ou impermanente?”
No fundo sabemos tudo passa, e isso também vai passar meus queridos.
E nos momentos mágicos curtam a vida com intensidade, pois sabemos que eles também vão passar.
Com amor, Rapha